Pergunta:

Oi, Su! Tudo bem? Há alguns anos eu te mandei uma mensagem (essa aqui, usando outro nome: https://www.faithgirlz.com.br/su-sou-crista-protestante-e-cresci-em-uma-familia-com-a-mesma-religiao-mas-recentemente-tenho-criado-um-interesse-pelo-catolicismo-ate-ja-pensei-em-ser-freira-um-dia-desses-eu-estava-trocando-de/). Agora eu voltei com atualizações. Depois disso eu continuei afastada da igreja e em 2022, eu voltei a me interessar pelo catolicismo e comprei uma bíblia católica (eu pedi uma para a minha mãe antes, mas ela disse que não ia comprar) quando comecei a trabalhar. Depois parei de me interessar tanto. Quando eu fui para o exterior fazer intercâmbio, visitei igrejas luteranas e gostei da liturgia, mas depois parei de ir à igreja porque tinha preguiça. Hoje eu percebo que era porque eu não tinha apoio e incentivo para continuar (tanto aqui quanto lá). Agora que voltei, ainda passei bastante tempo sem ir, às vezes eu dizia pros meus pais que eu ia à missa e eles diziam: “então vai sozinha, pq a gente não vai”. Quando o papa Francisco morreu, eu fiquei muito triste, até pq a homilia dele na missa do galo de 2022 mudou muito a minha visão a respeito de jesus e os mais necessitados. Era uma mensagem de Natal totalmente diferente da que eu ouvi minha vida inteira. Além disso, outra missa daquela época me tocou profundamente, falando sobre quando odiamos nossa aparência, ou algo específico em nós, estamos meio que dizendo que Deus errou. Isso me fez chorar (assim como a mensagem da missa do galo), pq eu passei a minha vida inteira odiando meu cabelo (os outros —inclusive cristãos— diziam que ele era ruim etc) e meu corpo. Ninguém nunca tinha explicado aquele “Deus nos fez à Sua imagem e semelhança e somos especiais blábláblá”. Parece que eu estava cega e abri meus olhos quando ouvi o que falaram nessas duas missas. Enfim, com a morte dele, resolvi assistir aquele filme Conclave (que eu e meu pai queríamos assistir antes) e esse interesse todo na igreja católica de novo (spoiler alert: a decisão do papa eleito no filme de não fazer a cirurgia e aceitar o corpo dele do jeito que Deus o fez me lembrou daquela homilia). Comecei a entender os principais pontos da fé católica, entender como funciona essa questão dos santos etc. Esses dias, eu convidei uma amiga evangélica para ir comigo à uma missa e eu fui. Gostei bastante (menos da parte em que eles tocam violão/bateria em vez de músicas liturgicas). Parece que ela não vai querer ir mais da próxima vez, então comecei a ficar desanimada. A falta de apoio dos meus pais + as críticas que vou receber do restante da minha família me afetam muito e tenho vontade de desistir dessa “mudança” (nem sei se mudança é o termo certo, já que eu não frequento igreja nenhuma)… Eu quero postar coisas sobre o catolicismo no meu instagram, coisas que concordo etc e tenho vergonha das criticas e do que eles vão pensar etc. Eu percebi o quanto eu mudei de uns tempos pra cá. Deixei de ser tão egoísta, tenho mais empatia, sei e reconheço meus erros, consigo sentir a presença de Deus na vida, 24 horas por dia. Até corrijo meus pais quando eles falam que fulano tem “cabelo ruim” ou são preconceituosos de alguma forma (eles são mais velhos, então esse racismo estrutural é algo real na vida deles). A Igreja Católica me apresentou um Deus bom e misericordioso, que me ama do jeito que eu sou, que se importa comigo e com os outros, que enxerga nossas necessidades e nos perdoa quando nos arrependemos e nos ajuda a não errar mais. É algo do qual eu nunca ouvi falar tão claramente, assim tão fácil pra eu entender. Ao mesmo tempo, me sinto culpada e preocupada por estar me deixando levar pelo o que sinto. E se eu estiver errada em “abandonar” o protestantismo pra seguir outra vertente do cristianismo totalmente diferente? Me sinto sozinha nessa caminhada e sempre penso em desistir. V.

Resposta da Sú:

Hello, V.! Que bom encontrar com você aqui novamente e receber suas atulizações! Você é sempre muito bem-vinda 🙂

Para começar, faço parte de uma igreja ecumênica e, portanto, considero os católicos nossos irmãos em Cristo, como quaisquer outros cristãos. Não vejo, portanto, nenhum problema em seu desejo de frequentar a igreja católica. O mais importante de tudo é você ter um relacionamento pessoal com Deus. Onde e como isso vai acontecer é uma questão de escolha, de encontrar uma comunidade de fé onde você se sinta acolhida e onde você possa crescer junto com outras irmãs e irmãos e servir a outros, como Jesus nos ensinou a fazer. Se você tem se identificado com uma comunidade católica, ótimo!

Embora existam algumas diferenças entre católicos e protestantes, a mensagem central do evangelho da salvação em Cristo é a mesma. Como lhe disse naquela mensagem anterior que você colocou o link, acho importante estudar a teologia da igreja local com a qual você deseja se comprometer. Afinal, nosso intelecto também faz parte da vida com Deus, e é legal poder explicar nossa fé para outros de maneira articulada e clara.

Ao mesmo tempo, entendo seu medo das reações de outros e seus questionamentos. Primeiro, saiba que Deus é o maior interessado em lhe mostrar o que vai alegrar o coração dele. Continue a orar pedindo direção, continue a ler a Bíblia, e confie que ele vai apontar o caminho.

Se você encontrou uma comunidade católica da qual você gostou, procure se envolver mais com ela. Participe do grupo de jovens, de ações de serviço, de trabalho voluntário. Isso vai ajudar você a se perceber mais apoiada e menos sozinha em suas escolhas. Se você ainda não encontrou, continue a procurar, crendo que Deus vai lhe mostrar o lugar certo para este momento!

Infelizmente, sempre haverá alguém para criticar e censurar. Talvez nesse momento de transição, em que você ainda está formando suas próprias convicções e aprendendo mais sobre o catolicismo, seja melhor não se expor demais nas redes sociais. Uma vez que você estiver bem entrosada em uma comunidade e bem clara quanto a suas convicções, aí pode ser muito legal você compartilhar o que a levou a seguir por esse caminho!

Por fim, o mais importante (que, aliás, você mesma comentou em sua pergunta): vivemos debaixo do amor, da graça e da misericórdia do Senhor. Nosso Deus é indescritivelmente bondoso, e precisamos de comunidades de fé que anunciem essa bondade, essa inclusividade e essa graça divina que deve transbordar de todos nós.

Que o Senhor abençoe imensamente sua jornada de fé, onde quer que ela aconteça. E saiba que você não está sozinha nessa jornada! Você tem aqui apoio e um espaço para conversar sempre que quiser!

Kisses,

Su

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