Hello, D.! Legal que você ouviu o podcast. E fique tranquila, pois já escrevi vários textos para a Bíblia sobre estupro, abuso, violência sexual e cia. Eu mesma vivenciei essa questão e, portanto, entendo a importância imensa de tratar dela nos meios cristãos.
E, quanto a sua dúvida sobre ser compreensiva e empática, entendo perfeitamente. Caso não tenha percebido, eu também amo dar conselhos (e, de preferência, por escrito), rsrsrs.
Uma coisa que estou começando a aprender é que, na grande maioria das vezes, as pessoas precisam mais é de alguém que as ouça e simplesmente caminhe com elas no meio do sofrimento do eu de alguém que as cubra de conselhos. À medida que vamos desenvolvendo a arte de ouvir com atenção, pedindo ajuda de Deus, ele vai nos mostrando quais são as questões centrais da conversa. Dessa forma, a gente corre menos risco de se perder nas muitas vertentes e tentar resolver cada aspecto do problema. Isso se chama “triagem” – priorizar o que parece mais urgente/importante.
Minha sugestão é que, enquanto alguém compartilha alguma coisa, você faça o exercício de ouvir com atenção plena, sem se preocupar no que você vai aconselhar. Peça para Deus ajudá-la a receber cada palavra da pessoa e cada expressão corporal (que, muitas vezes, fala mais alto que palavras) em sua mente e seu coração. Quando a pessoa terminar de falar, você pode repetir para ela, com suas palavras, aquilo que lhe pareceu mais importante no relato. Por exemplo: “Puxa, eu fico triste de saber que seus pais estão se divorciando. Imagino que seja super difícil ter de escolher com que você vai ficar”. Em seguida, expresse para a pessoa que ela pode contar com você nesse momento difícil. Diga quer você vai pensar no que ela falou e orar por ela (e, se for o caso, você também pode orar com ela de imediato). Depois disso, talvez até um ou dois dias depois (quando você tiver pensando com calma e orado), você pode recomendar alguma ação prática – tipo, falar com um psicólogo, mudar uma atitude. Para algumas pessoas, tem um valor muito grande você dizer: “Olha, falei com Deus sobre aquele assunto que a gente conversou, pensei nisso e acho que seria legal você…”. Mostra que você realmente pensou nela, e não apenas falou tudo que lhe veio à mente logo de cara. Resumindo: ouça com atenção plena, ofereça sua presença, amizade e apoio, ore/pense, e só então ofereça um conselho prático. Esse é um dos motivos pelos quais muitas vezes eu não respondo de imediato as perguntas que chegam aqui. É um processo.
E, quanto a seu amigo, creio que também é preciso fazer uma triagem. Não tem problema algum você não entender tudinho que ele diz. Procure observar quando ele está falando de algo particularmente importante e, se não entender, faça perguntas. Não creio que ele vá se sentir incompreendido. Pelo contrário, é possível que ele aprecie seu esforço para entendê-lo melhor. E lembre-se de que conhecer e compreender uma pessoa é algo que leva tempo. Meu marido e eu somos amigos duzentos anos e, até hoje, muitas vezes precisamos fazer perguntas para esclarecer o que o outro está pensando ou sentindo. Como você mesma está ligada, não precisa resolver os problemas do mundo nem ser perfeita. Na verdade, você só precisa se colocar à disposição de Deus e deixar que ele trabalhe por seu intermédio, no tempo e do jeito dele. Como sempre é um exercício de confiança!
E muito obrigada por suas orações por todos os nossos trabalhos. Fazem uma grande diferença 🙂
Até a próxima!
Kisses,
Su