Hello, L.! Qualquer explicação que a gente procure para os sofrimentos de Jó precisa ser ligada à conversa de Deus com Satanás (dentro daquilo que falamos anteriormente). Deus usou tragédias naturais e problemas políticos para permitir esse sofrimento – então, o que nós temos são acontecimentos em dois planos: no espiritual e no material/físico. Pense, por exemplo, na Alemanha de Hitler, em que cristãos (não só judeus) foram expulsos de suas casas, separados de suas famílias e enviados para campos de concentração, onde sofreram horrores e, na maioria das vezes, morreram. Tudo isso aconteceu literalmente / historicamente em um curto espaço de tempo, com permissão de Deus – da mesma forma que aconteceu com Jó. Nós só conhecemos a parte material dessas histórias. Não sabemos o que aconteceu no âmbito espiritual em relação a cada uma dessas pessoas.
Uma dificuldade é que estamos acostumados a pensar que, para Deus ser bom, ele tem que sempre garantir uma vida agradável ou, no mínimo, não muito terrível para nós. Mas não é bem assim que funciona. Muitas vezes, o tempo de sofrimento também é o tempo de maior crescimento e intimidade com Deus. E, se temos um “pra sempre com Deus” garantido para nós, não precisamos temer sofrimento e morte. Ele dá bênçãos especiais para pessoas em situações parecidas com Jó – bênçãos que só podem ser experimentadas em momentos de aflição extrema. Relatos de cristãos que sobreviveram a prisão, tortura, fome, frio, etc., comprovam esse fato.
Às vezes, nossos sofrimentos são mesmo consequência de nossos pecados, erros e teimosias. Outras vezes, porém, são consequência natural de vivermos em um mundo pecaminoso de modo geral, em que tragédias acontecem (às vezes em sequência) – e não estamos imunes a elas. Jesus fala sobre isso em João 13.16 e João 16.33.
A gente se acostumou tanto com teologia da prosperidade e coisas do gênero que, para muitos cristãos, está cada vez mais difícil entender essa questão. Para alguém que se considera “filho do Rei”, com direito a tudo o que o mundo tem de bom, o livro de Jó é, verdadeiramente, difícil de engolir, rs. Os primeiros cristãos esperavam sofrer e, ainda assim, tinham plena convicção da bondade de Deus. Interessante isso, não?
Espero ter compreendido corretamente suas colocações. Se não interagi com aquilo que você tinha em mente, fique à vontade para escrever outra vez : )
Kisses,
Su