Pergunta:

Su, eu estou em dúvida, pensando se eu agi errado e o que meu amigo “tem”. Eu novamente falei com ele sobre ele apagar a nossa conversa, e ele disse que não iria fazer isso. Eu perguntei se ele não sentia nada, afinal, lá tinha um monte de bobagens. Após isso, ele afirmou que tinha se arrependido das bobagens que ele falou, entretanto, ele não iria apagar, porque lá na conversa também tinham coisas boas e ele não iria ficar olhando as ruins. Eu acabei questionando ele, dizendo que se ele tinha se arrependido, por que ele guardava tudo aquilo e além disso, se ele não olhava, por que guardar?. Enfim, ele disse que tinha dificuldades de jogar coisas fora e eu disse que eu também tinha, porém, eu apaguei a conversa. E eu acrescentei falando que, apesar de existirem mensagens legais e inocentes, a conversa tinha muitas mensagens ruins e por isso, ela se tornava ruim, porque algo ruim sempre acaba contaminando todo o resto. Ele virou para mim e disse “Eu não acho que as coisas funcionam assim”. E eu disse que nesse caso claramente funcionava, afinal, a conversa não pode ser boa, se no meio dela tem tantas coisas inadequadas. E eu comecei a dar exemplos para ele. Eu comecei dizendo “Supondo que você é católico, você tem seus santos e tudo mais. E aí você se converte, só que, ao invés de você jogar os santos fora, você guarda em um lugar na sua casa e deixa lá. Você não adora mais eles, você nem olha para eles e você se arrependeu de ter adorado eles um dia. Por que você os guarda então?” Aí ele começou a rir e disse que esse exemplo não fazia sentido para ele, até porque ele não tem algo que ele realmente precisa jogar fora. E ele disse que, eu precisava de um exemplo com coisas que ele realmente iria querer guardar e que ele nem teria santos pra começo de conversa. Eu respirei fundo e resolvi dar um exemplo nada a ver, citando o conto de Machado de Assis, Um esqueleto. Onde o homem mata a mulher dele, pensando que ela o traiu, o que não aconteceu, depois, arrependido, ele resolve guardar o esqueleto da mulher e tratar como se ela estivesse viva. Com esse exemplo (nada a ver) eu só queria falar sobre como a gente guarda coisas que a gente se arrependeu de lançar fora da nossa vida. Ele riu de novo, disse que a conversa não era mórbida igual isso. Eu fiquei um tempo calada, ele também. Até que ele disse que estava tentando pensar num exemplo bom. E aí, eu decidi dar um último exemplo, usando a própria conversa. Aí ele riu e disse “pensei que era um exemplo”. Eu ignorei e continuei dizendo que, ele disse que se arrependeu, então ele não poderia guardar uma conversa cheia de coisas sujas e inadequadas, porque se alguém se arrepende, essa pessoa não guarda pra ela o problema. E aí eu, nervosa (sou pavio curto às vezes) disse “Mas tá tudo bem, a escolha é sua mesmo” e aí ele falou “Sempre foi”. Nós ficamos um bom tempo quietos, até que o sinal tocou, era hora da saída, eu mais uma vez, insisti na situação e falei “Ah, nossa, isso me lembra de uma peça que nós fizemos na igreja”, ele me perguntou qual era, e eu respondi “Era uma peça onde a menina escondia todos os desejos que ela tinha, todas as coisas do passado dela, ao invés de jogar fora da vida dela. Tipo, ela não matava a verdadeiro eu dela, ela simplesmente escondia, caso precisasse rever novamente”, sabe o que ele respondeu, Su? Ele respondeu “É, foi uma peça ruim”. Eu fiquei sem entender e ele continuou repetindo isso. Aí eu falei “Tá, mas como você sabe, se você nem estava lá?” E ele respondeu “Pra uma peça ser boa, ela precisa de um bom cenário, uma boa atuação, um bom figurino.” Aí eu interrompi ele, mas pelo o que ele estava falando, ele quis dizer “E vocês não tinham isso”. Su, eu não entendo a necessidade. Enfim, eu fui e falei “Eu não estava falando disso. Você sabe. Eu estava falando da mensagem” e ele só respondeu “a ideia é boa, mas a peça foi ruim” Su, ele nem estava lá no dia. Aliás, ele nunca nem foi na minha igreja. Qual a necessidade disso tudo? Eu não sei se eu exagerei na conversa que eu tive com ele. Eu não sei se eu exagerei sobre ele guardar a conversa. E eu não entendi a reação dele, tipo, foi desnecessária? Ou é reflexo de como eu tratei ele? Su, eu me arrependo tanto de ter dito que gostava dele no passado. Só que ao mesmo tempo, eu não desapeguei totalmente dele. O que você acha dessa situação? E o que eu faço? C.

Resposta da Sú:

Querida C., eu acho que você fez muito bem em insistir com o garoto para ele apagar essas mensagens. Em minha opinião, você não precisava nem ter dado exemplos para tentar convencê-lo. O simples fato de você pedir para ele e dizer que essa situação incomoda você deveria ser suficiente para ele apagar essas mensagens. Eu sei que talvez pareça um pouco duro o que você lhe dizer, mas nessa situação específica, seu amigo está sendo extremamente egoísta e insensível e não está demonstrando nenhum respeito ou consideração por você. Se ele realmente respeitasse você, já teria apagado essas mensagens. O que ele está lhe dizendo, em outras palavras é: “Olha, isso que você está pedindo só é importante para você. Como não é importante para mim, eu não tô nem aí. Problema seu”. Sim, essa é a atitude dele!

A reação dele não foi reflexo da forma como você o tratou. Foi reflexo desse egoísmo dele.

Eu sei que você ainda não se desapegou totalmente dele e, justamente por isso, meu conselho é o mesmo: afaste-se dele, pelo menos até seu coração se acalmar. Vejo você sofrendo porque não consegue se distanciar de alguém que, pelo que você conta, não está nem aí para seus sentimentos (como prova essa história das mensagens). Peça ajuda de Deus para afastar-se. A meu ver, isso fará bem para você e para ele também (pode ser uma oportunidade de ele repensar as atitudes dele). E, se ele quiser saber o motivo de seu afastamento, você pode dizer que é porque não percebe respeito e reciprocidade no relacionamento de vocês.

Siiiim, eu sei que é super difícil. Às vezes, porém, a gente se torna facilitadora das más atitudes de outros – o que não é saudável para ninguém. Pense seriamente sobre isso, amiga. E confie que Deus pode lhe dar forças para tomar uma decisão que será boa para você e para seu amigo (lembrando que, nem sempre o que é bom para uma pessoa é aquilo que ela quer).

Até a próxima!

 

Kisses,

Su