Pergunta:

Oi Su, como você está? Espero de coração que esteja tudo bem. Comigo as coisas estão mais ou menos. Meu dia teve uns altos e baixos que me deixaram pensativa. Sempre que eu penso que as pessoas estão magoadas de alguma forma comigo, me sinto muito mal. Geralmente, isso acontece quando acho que errei no meu trato com elas, mas também acho que elas fizeram o mesmo comigo. Eu começo a passar mal, minha voz fica embargada, me dá uma tristeza e desconcentração profundas. Hoje isso aconteceu na escola. Foi um motivo EXTREMAMENTE idiota, mas pensei no quanto sou boba. Eu sinto demais. Eu até tento ser racional e lógica, mas aí volto a pensar no assunto porque 1. Sinto que não explanei dentro de mim todas as vertentes do que aconteceu; 2 quero me entender melhor, parece que se eu não pensar a respeito, não vou me compreender. Minha mãe vive dizendo para eu ser mais leve, para não ser tão dura comigo, pra não ligar tanto assim para o que os outros fazem, para largar prá lá, mas eu não sei fazer isso. Como eu faço isso? Eu não aguentei mais ser assim. Sabe, o assunto até já passou, a pessoa nem tá mais pensando naquilo e o acontecido fica martelando na minha mente o dia inteiro e fazendo sofrer. Eu não quero mais isso, o que é que eu faço? Eu já oro por isso, talvez eu tenha que falar mais vezes? E aquela menina também. Do nada ela me trata esquisito. Eu não tenho culpa se aconteceu alguma coisa com ela, as vezes só estou sendo gentil e ela é grossa e estranha. Eu entendo e não entendo. Quando estou nervosa, PODE SER, PODE SER!, que eu não seja legal com meus pais, mas evito fazer isso com amigos/colegas digo que não tô bem, sei lá. Minha mãe já falou pra eu não dar atenção pra essa menina, mas eu nunca sei quando posso ou não. Eu só sei atenção pra ela pq ela tava de boa, mas aí ela me tratou super estranho. Como é que eu ia saber que o humor dela ia mudar? Eu sei que pequenas coisas alteram nosso humor, mas puxa. Pra que ficar dando parada nos outros? Ela sempre faz isso. Será ela já pensou que os outros tem sentimentos também? Essas bobeiras desestruturam um dia inteiro. Não quero mais ser atingida por esses dados inflamados de satanás. Eu orei pela manhã, mesmo que não estivesse encontra do as palavras certas, eu pedi por ajuda. Amanhã, talvez eu me sinta tão esquisita em relação às pessoas que de alguma forma me chatearam hoje, que talvez eu as trate meio seca. Aí me sentirei mal por isso. Então vou tentar fazer algo para consertar isso, mas continuarei me sentido incomodada, afinal, se eu as tivesse tratado “bem” desde o início, não tentaria agradar ninguém depois. Eu não quero mais ser assim, mas não ser de outro jeito. Por favor, me ajuda. Por exemplo, estou chorando muito agora, mas tem gente passa do por coisas tão piores. Aí parece tão novo chorar por isso, mesmo que não possamos comparar as dores uns dos outros. Obrigada pela atenção. Uma ótima semana para você. D.

Resposta da Sú:

Hello, D.! Tudo tranquilo por aqui, graças a Deus. Fico triste de saber que sua terça-feira foi ruim. Espero que você esteja melhor hoje.

Creio que entendo o que você disse. Essas situações são típicas de quem tem personalidade mais introspectiva e sensível – e também certo nível de perfeccionismo. Teve um tempo em que lutei um bocado com esses sentimentos que você descreve. Às vezes ainda acontece, mas em menor grau e com menos frequência. O que me ajudou bastante foi entender que eu estava fazendo papel de estagiária do Espírito Santo (rsrs). Tipo, tentando avaliar tudo o que estava em meu coração, todas as implicações de uma interação com alguém (especialmente quando essa interação foi negativa, envolveu conflito, crítica ou algo do gênero), todas as minhas motivações, todos os meus pensamentos e todas as implicações disso para minha identidade e meus relacionamentos. Como você disse, parece que se a gente não esmiuçar a situação, não vai entendê-la nem entender a si mesma. É claro que a gente desaba!

Deus não nos criou para nutrirmos dentro de nós esse nível de autoanálise e de avaliação das situações. Para isso, ele mesmo veio morar dentro de nós como Espírito Santo. Não é seu papel descobrir cada detalhe a respeito de si mesma, nem entender plenamente tudo o que aconteceu em determinada interação. Seu “trabalho” nessa história é se jogar nos braços do Espírito e pedir que ele mostre aquilo que você precisa saber neste momento.

Assim como Deus revela a si mesmo para nós aos poucos, ele também mostra gradativamente quem nós somos em Cristo e quais são as coisas importantes em nossas interações com outros. Ele decide a medida de informação que a gente precisa para determinado momento. Ele determina o quanto precisamos saber a respeito de nós mesmas na presente etapa da vida. A paz interior vem, em grande medida, de uma atitude de sujeição a ele, de disposição de aceitar que não entendemos e não sabemos tudo o que queremos saber. Siiiim, eu sei que estou lhe dizendo algo difícil. Mas essa leveza da qual sua mãe lhe falou vem, em boa parte, da prática da rendição a Deus. Quando minha cabeça começa a funcionar demais e de forma improdutiva, minha oração é algo do tipo: “Olha Deus, meus pensamentos e sentimentos estão um caos, eu não sei o que eu preciso entender nessa história. Por favor, me mostre aquilo que eu tenho que saber agora e me ajude a confiar que o Senhor está cuidando do resto”. Eu repito esse pedido sempre que necessário. É uma prática, um processo e um aprendizado. Tenha paciência consigo mesma e confie que o Espírito vai lhe dar o descanso interior que você está precisando – à medida que você pedir ajuda dele para se render a ele 🙂

Profunda e repousante paz de Cristo para você, minha amiga!
Até a próxima!

 

Kisses,

Su

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